Scania ampliará testes com caminhões sem motoristas em rodovias

Após o primeiro ano de sucesso em testes operacionais com três caminhões 100% autônomos em um único trecho rodoviário entre as cidades de Södertälje e Nyköping, na Suécia, a Scania se prepara agora para ampliar o desenvolvimento da tecnologia através da expansão da circulação dos exemplares.

Na reta final do mês de maio, a agência de transporte sueca, Transportstyrelsen, autorizou a Scania a expandir as rotas e também as distâncias percorridas pelos inéditos caminhões 100% autônomos. Segundo a marca, a partir de agora, os exemplares poderão circular em todos os tipos de rodovias do país e em rotas com até 300 quilômetros.

“É ótimo ter o apoio da autoridade de transporte para que os três caminhões autônomos transportem mercadorias da Scania em todas as categorias de estradas entre Södertälje e Jönköping. A legislação está ajudando, não nos atrapalhando, e este é um grande passo à frente para nós e nosso trabalho com essa tecnologia”, diz Peter Hafmar, vice-presidente e chefe de soluções autônomas.

“Isso significa que nossos veículos podem ir de forma totalmente autônoma dos portões da Scania até o destino final. Temos alguém sentado ao volante monitorando o sistema durante este teste, mas os veículos estão dirigindo sozinhos. Eles estão lá fora no trânsito local movimentado e depois na estrada a 80 km/h até Jönköping, onde podem circular pelas rotatórias e estradas locais, antes de chegarem sozinhos ao destino onde entregamos as mercadorias.”

O desenvolvimento da tecnologia vem conquistando a montadora sueca desde a metade da última década. Prova disso, é a aplicação de caminhões autônomos em operações que vão além do segmento rodoviário, como por exemplo, nos setores de mineração e entrega de mercadorias.

Próximos passos

Segundo Peter Hafmar, os dados coletados dos atuais testes suecos permitirão que a Scania desenvolva o aprendizado de máquina para lidar com a maior variedade possível de cenários que os veículos autônomos podem enfrentar. O executivo espera que mais protótipos e mais testes em outras partes da Europa aconteçam no tempo certo, em uma fase de expansão lenta e constante.

No geral, a estratégia autônoma da Scania se concentra na mineração, onde já vem trabalhando em vários projetos e também se concentrando em aplicações ‘hub-to-hub’ ou terminal a terminal. A logística hub-to-hub é um mercado que não para de crescer, e as condições de operação mais fáceis em comparação com as complicações das cidades lotadas o tornam ideal para a jornada autônoma da Scania.

Embora Hafmar espere que a tecnologia autônoma não se industrialize até o final da década de 2020, ele acredita que haverá um grande impulso.

“A tecnologia está chegando muito perto agora e, assim como a oposição aos motores de combustão no início do século XX, os obstáculos estão sendo removidos constantemente. Precisamos estar prontos para essa mudança, que complementará os outros desenvolvimentos sustentáveis ​​no setor de transporte. É por isso que estamos investindo nisso agora.”

Por que os caminhões autônomos são necessários?

Embora a produção em massa e a adoção de veículos autônomos esteja distante da realidade, a adoção da tecnologia é considerada uma uma parte importante da jornada para o transporte futuro. Além disso, para a montadora sueca, os caminhões 100% autônomos são uma importante alternativa para superar um dos principais desafios enfrentados pelo transporte rodoviário de cargas em todo o mundo, a crescente falta de motoristas profissionais.

“A tecnologia em si é legal, mas ainda melhor é que está nos ajudando a resolver alguns problemas prementes enfrentados pelo setor de transporte, como falta de motoristas, segurança e sustentabilidade”, explica Hafmar.

“Há uma enorme falta de motoristas na Europa e nos EUA. Somente nos EUA, eles tiveram uma escassez de 80.000 motoristas em 2021, um número que deve dobrar até 2030.

“Os veículos autônomos também são capazes de percorrer longos trechos sem a necessidade de pausas, como fazemos com os motoristas. Isso significa que poderíamos executá-los 24 horas por dia, 7 dias por semana, mas em velocidades mais seguras e com menos consumo de energia, enquanto os sensores do veículo os fazem reagir mais rapidamente aos perigos da estrada, como animais. Então, em vez de os motoristas ficarem fora de casa por semanas a fio, os motoristas locais podem pegar o volante na ‘última milha’ para fazer o descarregamento e as entregas reais.”, conclui.

Por Lucas Duarte – Caminhões e Carretas.

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